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Como mapear competências em tempos de disrupção?

Publicado em : 06/08/2017

Autor : Antonio Isidro*

Big Data, Inteligência Artificial, Internet das Coisas (IoT), Smart Cities são evidências de que o futuro imaginado nos filmes de ficção científica do século passado agora é o nosso presente. O desenvolvimento tecnológico e as variadas formas de comunicação digital impactam diariamente como as pessoas se relacionam com o mundo (físico e virtual) e como o mercado e as organizações se ajustam às novas tendências de comportamento humano e social.

Novas profissões começam a se desenhar enquanto outras iniciam trajetória de declínio. O século XXI exigirá mais das mentes e das capacidades de análise, síntese, avaliação e decisão das pessoas, mas traços mais valiosos e mais humanos serão preferidos pelas organizações: empatia, colaboração, engajamento, resiliência e sustentabilidade. Estamos falando de valores de co-criação os quais definem como as pessoas se engajarão nas relações sociais e de trabalho daqui em diante.

Buscamos mais protagonismo e sentido mais significativo em nossas experiências nos dias de hoje, seja como funcionários, gestores, clientes, empreendedores, pais, filhos, amigos etc. Queremos colocar a “mão na massa” para mudar nossa realidade em que vivemos. Temos questionado mais e estamos sendo provocados para revisitarmos nossas crenças e paradigmas. É nessa atmosfera de “coisas novas” e de “um novo sentido existencial” que encontramos mais espaço para ouvirmos o outro e nos conectarmos mais diretamente com o meio em que estamos inseridos. As organizações também estão sentindo a mudança paradigmática e se deparam com a pergunta que motivou a escrita desse artigo: como mapear competências em tempos de disrupção? Como identificar as características profissionais mais relevantes para novos cargos e profissões?

Métodos tradicionais de job description, de mapeamento de competências observando cargos e processos de trabalho ainda vigoram no mercado. Entretanto, percebe-se espaço para novas abordagens. O Design Thinking (DT) surge em resposta às tendências que marcam o presente século. Caracterizado como abordagem centrada no ser humano e orientada ao outro, o DT propõe processos de co-criação em que a diversidade de ideias e de percepções de mundo é bem-vinda. É a partir do engajamento direto das pessoas que se poderá conhecer mais a fundo uma realidade que se pretende mudar. Assim, permitir que as pessoas possam construir juntas uma visão compartilhada de competências que tenham significado prático e real é a proposta da aplicação do DT ao mapeamento de competências nas organizações.

As principais fases do DT são: empatia, imersão, engajamento, ideação e prototipação. Outras fases podem ser adicionadas com vistas à intervenção nas organizações. Na fase de empatia buscamos conhecer profundamente a realidade do outro (seja uma pessoa, um grupo social ou uma empresa) para que possamos entender de forma substantiva o mundo com os olhos de quem o vive. Começamos uma jornada rumo à criação de significado compartilhado. Na fase de imersão identificamos quais os principais desafios a serem enfrentados pelas pessoas e como esses desafios impactarão os perfis profissionais e de competências. Na fase de engajamento mobilizamos as pessoas para construírem juntas e de forma colaborativa as competências desejadas de acordo com os resultados da fase de imersão. A ideação é caracterizada pela produção dos insumos das competências de forma intensa e diversificada para que se possa chegar ao maior número de evidências comportamentais relevantes para o desempenho no trabalho. Na prototipação ou modelagem chegamos às melhores competências a partir da aplicação de técnicas de afunilamento das ideias, visando aspectos como desejabilidade, factibilidade e viabilidade das competências nas organizações.

Ao final do processo de DT temos competências mais fidedignas e relevantes para que pessoas e organizações tenham maior assertividade no desempenho e na entrega de produtos e serviços de qualidade para seus clientes e para a sociedade. Aproveitemos a motivação das pessoas em construírem práticas mais sustentáveis e humanizadas de gestão e de trabalho, oferecendo experiências de colaboração e co-criação de novas formas de agir, pensar e de mudar a realidade das organizações para melhor.

*Antonio Isidro é doutor em Administração Coordenador do LineGov | UnB – Laboratório de Inovação e Estratégia em Governo; Idealizador do Laboratório de Inovação e Design Thinking UnB-Correios. Professor de Mestrado e Doutorado em Administração da UnB e ex-Coordenador do Mestrado Profissional em Administração Pública da UnB

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