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As contribuições da Ergonomia da Atividade para a Realização de Diagnósticos na Perspectiva da Saúde do Trabalhador

Publicado em : 14/03/2017

Autor : Marina Greghi Sticca

A Ergonomia é reconhecida como um subcampo de atuação da Psicologia do Trabalho. É considerada uma disciplina que trata das interações entre pessoas, sistemas de trabalho e tecnologias, e da aplicação de teorias e métodos, visando adaptar o trabalho às características dos indivíduos que trabalham.

A Ergonomia denominada de língua francesa ou francofônica tem sido chamada de “Ergonomia da Atividade”. Tal alteração tem sido apoiada pela Sociedade de Ergonomia da Língua Francesa (SELF) por conta da importância que o conceito de atividade tem adquirido no cenário mundial cientifico.

Mas afinal, quais são as contribuições da Ergonomia da Atividade para a saúde do trabalhador, e mais especificamente para a Psicologia do Trabalho?

A ergonomia da atividade está centrada na atividade humana, e mais concretamente, na atividade situada na ação. Os ergonomistas se apropriaram do conceito desenvolvido pela Teoria da Análise da Atividade, mas o situaram na ação, o que possibilitou um novo olhar sobre a atividade de trabalho.

Ao utilizar o termo “atividade de trabalho” a ergonomia refere-se ao individuo que trabalha com uma série de habilidades e saber prático, baseado em suas experiências no trabalho, que o capacitam a controlar, regular e coordenar, e construir sua ação para alcançar determinado objetivo. Tal atividade é situada em um determinado contexto, composto por componentes materiais, sociais e históricos, que fornecem recursos, mas também apresentam constrangimentos. Simultaneamente, tal contexto é afetado pela experiência de vida subjetiva do individuo, e assim, é constantemente revisada e atualizada.

O conhecimento gerado é obtido por meio da análise ergonômica do trabalho (AET) que tem como fio condutor a atividade de trabalho e a busca pelo entendimento das ações humanas situadas em determinado contexto. A AET procura identificar determinantes de cada atividade, por meio da análise dos objetivos estabelecidos pela pessoa; características dos materiais e das ferramentas utilizadas; características próprias das pessoas e do contexto de uso.

A realização da AET se faz por etapas, numa perspectiva progressiva e integrativa. As principais etapas são: Análise da demanda, que visa reformular e hierarquizar os diferentes problemas apresentados, articulá-los e até mesmo evidenciar novas questões; Análise das tarefas, que compreende a identificação e compreensão do trabalho prescrito (“o que a organização espera do profissional”), que inclui o levantamento de informações sobre o ambiente físico (layout, mobiliário, equipamentos e espaços de trabalho), requisitos físicos e mentais da tarefa, Análise da atividade, que contempla revelar o trabalho efetivamente realizado (“o que o trabalhador faz para dar conta da tarefa”, e por fim a fase de Diagnóstico e Recomendações.

Por meio da AET é possível identificar fatores da organização do trabalho que impactam diretamente a saúde física e mental dos trabalhadores. Neste sentido, torna-se uma importante ferramenta para o psicólogo organizacional e do trabalho no diagnóstico de necessidades de melhoria da qualidade de vida no trabalho. As informações coletadas fornecem subsídios para as adaptações e melhorias do ambiente físico e psicossocial, de forma a promover a produtividade e manter a qualidade de vida dos funcionários. A análise ergonômica do trabalho, enquanto método pode ser adotada para conduzir um diagnóstico, de forma a revelar o “real do trabalho”, oferecendo instrumental consistente para o planejamento de intervenções do psicólogo organizacional e do trabalho focadas em saúde do trabalhador nas organizações.

*Possui graduação em Psicologia (2005) pela Universidade Federal de São Carlos e graduação em Administração (2011) pela Universidade Federal de Uberlândia, Mestrado (2007) e Doutorado (2012) em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de São Carlos na área de Trabalho, Tecnologia e Organização. Atualmente é Professor Doutor da Universidade de São Paulo (USP) na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP/USP)- Departamento de Psicologia-na área de Psicologia Organizacional e do Trabalho. Tem experiência na área de Psicologia Organizacional, com ênfase em ergonomia, atuando principalmente nos seguintes temas: saúde do trabalhador, carga mental de trabalho, e organização do trabalho; e em Administração, nos subsistemas de recursos humanos.

 

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